Minha historia com o jornalismo começou em 2002 quando entrei na faculdade em Santos, SP. Quando entrei neste curso, meu maior objetivo era usar o "poder" dos meios de comunicação para mostrar às pessoas que o mundo pode ser melhor do que se pensa por aí. Desde o início era este o meu objetivo.
Mas admito, não sei se por imaturidade ou porque realmente não era algo explícito, fui percebendo que não seria tão fácil quanto eu imaginava. Comecei a perceber mesmo durante a faculdade e através dos professores que não seria assim tão fácil mudar as coisas. Na verdade eu cheguei à conclusão, naquela época, de que as coisas não poderiam mesmo ser mudadas, e fiquei bem mal. Me formei e decidi que não queria trabalhar em um lugar onde eu fosse manipulada daquela forma.
Já ouviram falar da manipulação pelos meios de comunicação? Este vídeo, dividido em duas partes, explica de uma forma muito legal o que acontece com as comunicações em nosso país e porque existe a manipulação da mídia:
Espero que tenham visto os vídeos, assim fica mais fácil de seguir em frente para contar a minha historia. Para ser sincera, eu tenho um pouco de dificuldade para ser coerente em meus textos, porque sinto como se estivesse conversando normalmente com meu leitor, e uma conversa informal não requer tanta coerencia quanto um texto, pois ao conversar pessoalmente nós vemos as expressões da pessoa e isso facilita muito ao explicar algo (risos), mas é pra isso mesmo que estou aqui, para aprender e principalmente REaprender. E desta vez com uma nova perspectiva.
(Detalhe que, por exemplo, eu nunca poderia fazer um comentário como este acima em um site da "imprensa normal", onde já se viu, dizer que uma jornalista é incoerente?? é RUA na mesma hora. Sem brincadeiras, infelizmente.)
Durante a faculdade eu passei por alguns estágios, e neles vi que acontece exatamente como o vídeo explica... você só pode falar daquilo que o seu chefe quiser, e o seu chefe também está seguindo ordens de alguém acima dele... enfim... todo mundo segue as regras de uma pessoa "lá em cima" que tem seus interesses apenas para o lado do "dindin"... grana, bufunfa... sim, infelizmente é isso, capitalismo mandando ver.
E aí eu sempre me perguntei... onde fica o que o POVO pensa? Cade o espaço para as pessoas que estão do outro lado da tela dizerem o que elas pensam disso tudo? Em algum momento esta imprensa se preocupa em mostrar?
NÃO. Posso dizer por ter vivido isso na pele. O que as pessoas pensam NÃO INTERESSA para a mídia tradicional, porque uma vez que você dá voz às pessoas, você não pode mais manipula-las. Pois sei também por ter vivido na pele, que quando alguém entende que tem o poder "da palavra" nas mãos, ela faz o que ela quiser e se torna uma pessoa autêntica, autônoma e sabe muito bem o que quer. E isso não interessa para as grandes empresas que querem vender seus produtos.
Bem, e o que a EDUCOMUNICAÇÃO tem a ver com tudo isso? Só tudo. (risos)
Nesta perspectiva que estamos estudando em nosso grupo, a Educomunicação vem justamente para das voz às pessoas. Ao povo. Vem para dar o direito de as crianças, jovens e adultos se expressarem.
Ao meu ver (não posso falar muito pra não falar besteira, pois não sou pedagoga e estou no meio de gente muito sabida sobre isso! hahhaha), é principalmente na infancia que o caráter de um ser humano é formado, o que ele aprende de pequenininho vai acompanha-lo para sempre. Imagina se ele aprende que desde pequeno ele é DONO DA PALAVRA dele, que ele pode sim falar o que ele pensa sobre o mundo, coisas que ele gosta e não gosta, enfim... imagina o adulto que aparecerá? Alguém que sabe o que quer, ou pelo menos sabe que tem o direito de saber o que quer e deve lutar por isso. E isso, na minha opinião, é muito forte. É tudo.
Foi por isso que apareci de "Pára-Quedas" neste grupo e hoje estou tão apaixonada. Sim, a palavra é essa, apaixonada. Gosto das discussões que fazemos sobre o direito de as pessoas se comunicarem, e principalmente olhando para as crianças, como fazer com que um "gurizinho" desde pequeno diga o que quer da forma como ele quer. É fantástico. Eu definiria, mesmo, como "libertador". Para mim a educomunicação vem na forma de liberdade, e antes ainda de liberdade para as outras pessoas, a MINHA liberdade de poder trabalhar com o que eu acredito e usar os anos que estudei na faculdade, que eu achava que jogaria no lixo. Vejo que tenho sim muita importancia nisso tudo, e esse é o primeiro passo para poder mudar as coisas. Primeiro mudar a mim.
Sobre o Seminário
Bem, agora seremos um pouco mais objetivos, certo? Senão não paro de escrever mais! (risos)
Como minha vivência e referência é o tempo em que trabalhei como jornalista, não consegui não fazer a comparação desta cobertura com as que eu fazia anteriormente.
O que mais me chamou a atenção foi a tranquilidade de todas as pessoas envolvidas ali. Digo isso porque em jornalismo nós temos um termo que se chama "Dead Line", que é o tempo de fechamento de uma edição de revista, jornal, matéria televisiva, o que for. Este termo sempre acompanha os profissionais de comunicação. Como temos sempre um tempo de fechamento das coisas bem justo, automaticamente aparece o stress. E o problema não é somente o stress, e sim o que a gente deixa de perceber porque estamos estressados.
Bom, pelo menos eu, quando estou com um tempo certo e muita pressão para fechar algo rápido, fico tensa e não percebo os momentos legais que de fato aconteceram naquele evento. Não consigo pegar a essencia do momento e o que aquilo me transforma para o bem. E se eu não consigo me envolver desta forma, de que vale fazer uma cobertura jornalística, para mim? Os outros saberão muito bem de tudo o que ocorreu, mas eu, a pessoa que estava de corpo presente, na verdade não estava presente de espírito, e isso é muito triste.
Outra coisa que me chamou a atenção foi que nós cobrimos todos os tipos de mídia em tão pouco tempo e com tão pouca gente! Estávamos em 10 pessoas e trabalhamos bastante! Mais de 70 tweets, atualizações no Facebook, muitas fotos postadas no blog, entrevista com os alunos, e ainda conseguimos prestar atenção nas palestras. Quem estava online de casa soube de tudo o que aconteceu, e o melhor, nós estávamos cobrindo realmente presentes e curtindo o momento! Eu pelo menos nunca vi tanta coisa ser coberta em tão pouco tempo por tão pouca gente! (risos)
Outro fator que fez com que ficasse tudo muito melhor foi o nosso interesse pelo assunto que estávamos cobrindo, nos identificamos com o que estava sendo falado ali. Pesquisa é algo que fazemos em nosso grupo e com certeza vamos querer seguir em frente, e as palestras falavam justamente sobre isso. Quando a gente cobre algo que a gente se identifica tudo muda de figura. Como acontece no dia a dia do Jornalismo? É coberto o que aconteceu naquele dia. Se teve uma festa ou se alguém morreu, não importa, você tem que estar lá e cobrir todos os momentos e pegar todos os "flashes". E onde fica VOCÊ nisso tudo?
Tem mais coisa ainda. Risos. Sabe, eu tava muito curiosa todo o tempo em que esperamos chegar o dia do Seminário. Primeiro ele aconteceria no final do ano passado, no fim acabou não sendo e tivemos que esperar até o final de março. Desde o primeiro dia em que eu soube que faríamos a cobertura do Seminário me deu uma curiosidade tão grande de saber como seria, depois de quase 10 anos respirando o jeito "jornalístico" de ver as coisas, agora viver a mesma coisa, mas do lado da educação. Não me aguentava de tão curiosa! O pessoal do grupo sabe né! rs
Mas eu tava nessa curiosidade toda porque sei a diferença que dá, agora, depois do pouco que vi e vivi, que quando se olha uma notícia do ponto de vista da educação e não da informação apenas, as coisas mudam de figura de uma forma muito grande. Quando a gente pensa que aquela notícia pode estar sendo vista por crianças, adolescentes, e não só eles claro. A gente passa a ver a notícia pensando que um SER HUMANO estará do outro lado lendo e vendo aquilo, a gente trata quem está do outro lado como gente de verdade e não como um mero expectador. "Aquele que só recebe". Não, ele não só recebe, pois a partir do momento em que ele começa a ver aquela informação, automaticamente já liga ao seu mundo e à sua vida. Por isso eu acho, sim, que os meios de comunicação têm uma força absurda, para o mal como já expliquei, mas para o bem também! Como o que estou vendo e vivendo a um tempo depois que vi que outras pessoas partilham do mesmo pensamento que eu.
Eu achei que estava sozinha e por isso desisti. Mas hoje vejo que tem muita gente do mesmo lado que eu. E por isso dou tanto valor ao que estou vivendo hoje.