Qual é o problema de usá-lo? - perguntariam muitos. Vejamos, então:
Educador é uma herança do que realizou Paulo Freire durante os anos 60 e 70, período marcado pela ditadura militar no Brasil. Esse termo significou o engajamento de adultos, de qualquer profissão, num grande movimento de alfabetização por todo o Brasil. A proposta era instrumentalizar rapidamente adultos das chamadas classes populares para que, entendendo o contexto político da época, o proletariado assumisse o poder. Essa ação era, portanto, política por excelência em prol dos trabalhadores.
Por ironia, na educação escolar o esforço de Paulo Freire em contribuir para análises críticas da realidade, inclusive a partir do entendimento etimológico das palavras, não vingou: os professores passaram a se auto-denominar educadores (as do ensino infantil e das séries iniciais, por sua vez de tia), enfraquecendo-se, assim, a si próprios como categoria profissional.
Nós entendemos Educomunicação como uma forma de intervenção social. Produzimos comunicação de forma coletiva porque nos grupos (sejam eles quais forem) se estampam (se desnudam) relações de poder que podem/precisam ser entendidas pelos participantes do grupo. Contudo, nossas ações não são "salvacionistas" como pretenderam os engajados politicamente nos anos 60 e 70. Por isso, não usamos nesse campo a palavra educador e, sim, mediador.
Mediador é um sujeito que está sempre entre o que se pretende com a ação e os participantes dessa ação. Ele deve contribuir, ao longo do processo, para que o grupo se perceba e repense ideias que sustentam sua relação consigo e o outro.